12 de out. de 2011

A RAINHA DAS PEDRAS

NINO BELLIENY


Sentada nas rochas como se estivesse também ali há milhares de anos onde o oceano vem esculpindo minuto a minuto tantas formas e acasos, a mulher de vestido branco é sereia perdida querendo voltar para casa. 

Os últimos pedacinhos de sol batem na água e as cores da tarde se misturam com a noite. Calmo está o mar, verde, azul, alaranjado. Cores outras se espalham pela lâmina d'água. 

Em cada reflexo a mulher de vestido branco e sorriso tão brilhante quando a primeira estrela, se multiplica.

Está só, embora tantos olhos a observem, pois, não há como não notar a beleza estática, quase estátua, em breve a saltar das rochas, caminhar até o carro e depois partir, sabe-se lá para onde... haverá um homem de sorte a esperar em alguma macia cama pronta para muitas horas de amor? 

Permanecerá solitária, mesmo em meio à tanta tagarelice do país das maravilhas? Em qual restaurante terá almoçado? Corre pela praia ao amanhecer? Respira litros de oxigênio puro ou cheio de recordações de alguém não mais presente?

A mulher de branco é o mistério das pedras. Domina a paisagem e a paisagem é quase tão bela quanto. Combinam entre si na metamorfose eterna das coisas que não morrem. 


No quadro a ser pintado, a mulher já é. Anoitece. O branco do vestido lembra um fantasma. Sem causar temor. Apenas um fantasma da beleza sem fim de uma mulher também.

Nenhum comentário: