26 de out. de 2011

PROFECIAS

NINO BELLIENY 
Lânnia não era complicada, era impossível. Dos olhos desciam chuvas de ira quando contrariada e até a mãe tinha que ter muito tato pra chamar a atenção da menina instável. Isso aos dez, doze anos. Verdes aqueles olhos dariam mais complicações quando maduros e aos dezoito de idade no pico da beleza selvagem em curvas e firmeza, a cidade estremeceu ao amanhecer sabendo da última de Lânnia. Fora morar com D. Matilde, a viúva do prefeito. Coroa farta em poder, sólida em carnes ainda desejadas e dinheiro sem fim. Ambas nunca fizeram alarde e se experiências outras tiveram, foram secretas o suficiente para o abalo sísmico agora causado. A loura gostosa e a mulher fundamental, de braços dados no cinema, aos beijos no restaurante espanhol, entrando e saindo muitas horas depois no Salitre, viajando para Roma, vivendo um amor sem regra e sem pudor. As labaredas arderam semanas e as duas nem aí. Queimavam mais ainda no altar das próprias vontades. Tamanhas que influenciaram outras descobertas e em breve Balentas, à força das pioneiras, ganhava o codinome de Cidade das Amazonas. Homens passaram a ser detalhes. E nem por isso o mundo acabou em fogo como do alto do púlpito gritou durante sete domingos seguidos o Pastor Jeremias.

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