24 de out. de 2011

HOJE EU VI O AMOR PASSAR

NINO BELLIENY

É Fazia tempos não se via aquele rosto tanto que até esquecera como era e o brilho translúcido de uns olhos claros como faróis numa noite de luar depois de uma tempestade de verão em alguma praia preferida onde se descobre pela primeira vez na vida a desimportância das vírgulas e dos pontos diante do olhar de quem se pensa ser aquela a verdadeira mulher amada pelo resto dos dias até descobrir-se a primeira vírgula, e o primeiro ponto.

Na mudança de parágrafo, no início de um outro período, se depositam esperanças e expectativas. Ambas geradoras em potencial de desencantos e frustrações. Num instante, o cru coração disparando pelo peito, um descompasso rasgado de quem está crente ter sido tocaiado pelo impressionante, imprevisível, porém tão ansiado amor. 

Quatro letras e tantas definições indefinidas, um turbilhão de máquina de lavar roupas onde a anatomia descreveria uma caixa torácica. Nada de pensar, nada de verbalizar. Saberá e não se saberá o que é, apenas que queima, acalma, agita, alivia, aperta, folga, bate, apanha, rebate, dança e pula como pipoca escapando da panela. Para cair na boca do fogão.

Tantas palavras não para se descrever o indescritível contido em quatro letras...mas as sensações e o sentimento. Fazendo força para não se esquecer jamais que as sensações passam, mas o sentimento, este permanece além da vida. E da morte.

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