21 de set. de 2011

SENHORAS E SENHORES



NINO BELLIENY


Disfarço bem a minha tristeza até eu acredito na alegria inventada. Não durmo direito nem esquerdo, não durmo. Tanto tempo já saltou pela janela e ainda em minha casa mora a memória daquela voz. A saudade não foi embora nem botou outra para ocupar os quartos vazios, tão vazios de música e vida.

Agora entendo as pedras em seu silêncio e o musgo crescendo depois da chuva. Presto atenção nos detalhes, nas manchas da parede lembrando o rosto amado e o desenho do orvalho no pára-brisas do carro. 

Sou o mesmo palhaço sem picadeiro de novo levando fé em palavras de amor e tesão. O mundo mudou, eu mudei, e a voz ao telefone emudeceu. Vou continuar acreditando nos longos invernos e nos breves verões. 

Serei explosivo como a primavera arrebentando as calçadas com flores insistentes e distante feito um outono em Berlim. Sorte minha o meu coração ser brasileiro e ter aprendido a reaprender. 


E buscando o sonho e a rima, adeus a gente também aprende a dizer.

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