21 de set. de 2011

A MULHER GOSTOSA

NINO BELLIENY


PLEASURE & DANGER

Chamar uma mulher de gostosa é uma arte, caso ela mereça. Sem ser explícito ou invasivo, exceto haja a proteção de um tapume, bem do alto com direito a cheiro de cimento e ruido de betoneira. Não será aos gritos públicos. Não exige o uso do adjetivo. Pode ser sussurrado pelos olhos. Sem agressividade. Firmeza gentil, gentileza firme. Nada de constrangimentos. Não é uma reprodutora equina em leilão.

Também não é um objeto para ser apenas usado. Uma mulher assim sabe o quanto atrai o pensamento de um homem e as palavras são meras abotoaduras, desnecessárias quase sempre. 

Esperar que ela note antes de ser notada, é complicado, porém, possível. Abraçá-la com o calor de uma frase displicente e cantar a canção da vida despertando diante de uma excepcional beleza não só física como intelectual. 

A mulher gostosa dispensa rebuscamentos, sabe o valor da simplicidade, da pressão adequada e constante. Obrigatório ter classe. A mulher gostosa sem classe é só gostosa, efêmera passagem, prazer vulgar.

Estátuas foram feitas para as melhores, guerras se travaram. No entanto, ela quer só amor e algumas outras coisas, nem todas compradas. É preciso elogiar sem ofender. Atrever-se sem atravessar o ritmo. Amar cada movimento produzido pelas ondas da mulher, oceano naquele eterno instante ao ser olhada e fotografada por retinas experientes. 

A mulher gostosa tem tudo além de um corpo perfeito e rosto simétrico. Nem sempre é unanimidade. Terá defeitos , difamações, causará rebuliços e ataques da concorrência. Nada disso abala a mulher gostosa.

Capa bem feita de um livro escrito por mãos talentosas, é uma literatura definitiva a mulher gostosa. E lê-la requer tempo e calma. Descansam nossos olhos toda mulher sabedora disto. O mundo seria apenas uma bola perdida no espaço sem elas. São elas o mundo.

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