21 de set. de 2011

PALAVRAS VÃO PARA ONDE DEPOIS DE USADAS?

NINO BELLIENY


Eu posso parar feito um lagarto ao sol
Deixar o calor dominar minha pele até os ossos.
No entanto, continuo caminhando em meio ao vento frio
Fugindo da voz da qual não se foge

Faz bem chorar diante da poeira em redemoinhos sobre a estrada
Estou num filme de Wim Wenders
Perdido em algum lugar ao norte do nada
As notas de uma guitarra caem como pétalas
No adeus dos funerais.

Tão dramáticos os amantes em suas últimas palavras
Carros seguem velozes na direção do crepúsculo
O Sol é um Redoxon
E consigo ouvir o chiado da sua efervescência
Meninas nas janelas de um ônibus
Acenam sem resistência
Nada sabem das grandes dores ainda da vida.

Como fui deixar você me perder
Perdendo-me de você como perfume num lenço
Guardado para a gente lembrar-se de alguém?
Brasas precisam só de um pouco de brisa
Renascem, se alastram
E uma floresta inteira arde.
Eu apenas caminho no caminho sem volta das recordações.

Agora eu sei, o sentido antes era mesmo amor
Não foi necessário perder para entender.
E o presente fica parado à margem do caminho
Sem gasolina para continuar rumo ao futuro.
Não tem problema nem pedido de carona

Amar você foi a minha viagem final.

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