12 de dez. de 2011

SONHOS SÃO COMBUSTÍVEIS

NINO BELLIENY
O menino ajeita o retrovisor da memória e nele a rota percorrida. Não foi tão fácil quanto parece para quem o vê agora. Sabe bem das dificuldades, estas camadas de obstáculos impostas solidamente para quem deseja vencer. Conhece a altura do muro construído à sua volta e para isso, fabricou as próprias asas e elas o levaram alto, cada vez mais rente ao próximo sonho.

Ícaro cuja cera das asas o Sol não derreteu, ousa ir além sem perder a ligação das origens. Voar imensidões sem desprender-se das raízes, da voz da mãe, da voz dos amigos e da consciência a ditar o rumo certo.

O menino sabe da atração do abismo. Da importância de não parar de sonhar. É isto o que o mantêm voando. Parar de bater as asas do sonho seria cair de imediato.

O menino quer mais e pode mais. Não importam os limites impostos pelos alheios.
Acredita na força da sua propulsão e no poder da gratidão. Não chegou aonde está só com as forças do coração. Outros corações entraram na corrente dos ventos.

Dono do instante, feliz pelas conquistas, ciente do transitório, não se rende à arrogância nem à presunção, inimigos poderosos na reta de quem deseja mais.

Para isso, basta manter a alma de menino.
Os novos sonhos cuidarão do resto.

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